A Arte do Cinema tem sido alvo, nos últimos anos, de uma continuada política contra os seus criadores e profissionais. A expressão dessa política é a nova Lei do Cinema (em pdf) e a criação do Fundo de Investimento para o Cinema e o Audiovisual (FICA), que não teve a participação nem a aprovação dos realizadores portugueses. (...)
Dois anos passados sobre o aparecimento do FICA é forçoso reconhecer o fracasso de uma política baseada nas projecções de rentabilidade e na mediocridade dos seus produtos. A ser fundamentada, a indústria do Audiovisual devia estar enquadrada no Ministério da Economia e nunca no da Cultura.
Com uma bolsa de 83 milhões de Euros para os próximos anos, continuam a ser nebulosos os critérios do funcionamento do FICA no que respeita ao cinema e diminuto o espaço da sua intervenção no sector.
Cabe esclarecer que o capital do FICA tem maioritariamente origem em recursos oriundos de empresas com participações estatais ou instituições do Estado. Porque é que este Fundo é aparentemente “dirigido” pelo representante da ZON-Lusomundo que representa apenas 5%? Porque é administrado pelo BES-ESAF? Onde estão os fundos privados? Onde está o capital de risco? Que controle existe sobre a participação financeira das televisões?
Este fundo apresenta os seus apoios como empréstimos reembolsáveis. Face à conjuntura do mercado perguntamos: Como? Quando? E em quanto tempo? Foram dadas como garantias dos empréstimos as acções das empresas beneficiadas que valem zero. Daqui a 3 anos (5 anos) ficará provado que esta política foi um desastre mas será então demasiado tarde e não haverá nada para a substituir.