sábado, 4 de agosto de 2007

A grande ilusão de uma indústria cinematográfica em Portugal

O cinema português não será nunca auto-sustentado. Entregá-lo às televisões e às empresas de telecomunicações só servirá para matar de vez o cinema nacional.
Com alguma pompa e muita circunstância, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, apresentaram na semana passada ao país o "famoso" Fundo de Investimento ao cinema e audiovisual." (...)
O Fundo de Investimento conta com as participações fundadoras do Estado (33,2 Milhões de Euros - ME), da PT Multimédia (25 ME) e dos três canais de televisão RTP, SIC e TVI (no total outros 25 ME), ou seja, 40% dos Estado, 30% da PT e outros 30% das televisões, num total de 83,3 ME para os próximos sete anos. As verbas do Fundo serão geridas pela ESAF (a Sociedade Gestora do Grupo BES), entidade escolhida mediante concurso público.
Zeinal Bava, presidente executivo da PT Multimedia, foi ainda mais longe: afirmou que "este Fundo tem de ser gerido numa lógica de mercado, financiando obras que apresentem potencial sucesso comercial, de forma a gerar retorno para o próprio Fundo e, em consequência, criar disponibilidades para novos investimentos". (...)
Este Fundo de Investimento é a concretização da regulamentação da lei do Cinema e do Audiovisual aprovada no final do Governo Durão Barroso (1 de Julho de 2004), com a oposição do BE, PS e PCP.(...)
Esta lei tinha merecido uma fortíssima oposição da Associação dos Realizadores Portugueses, (APR) precisamente por causa do Fundo de Investimento que, previsivelmente, se transformaria numa forma de financiamento às televisões.
Alda Sousa
in Newsletter Esquerda (texto completo)
31 de Julho de 2007