Uma mentira mil vezes repetida é, e será sempre, mil vezes mentira. Os porta-vozes dos patrões, directores de programas da SIC e da TVI, Luís Marques e José Fragoso, apareceram em sintonia, no horário “nobre” dos seus canais, em 11 de Julho de 2012. Encapotando a sua ganância enganaram, mais uma vez, os espectadores.
Primeiro: É falso que os tão falados 4% sobre as receitas da publicidade (que servem para o financiamento do ICA, da Cinemateca, do Arquivo Nacional de Imagens, dos festivais, da produção, da distribuição, da promoção dos filmes portugueses e de outros programas de apoio) tenham sido alguma vez retirados às receitas ou ao orçamento das televisões privadas. Esses 4% são pagos pelos anunciantes de publicidade, e retidos pelas televisões privadas, com a obrigação de os devolver. Não é mais do que um imposto, tal como o IVA. Entregam-no tarde e a más horas e muitas vezes não na sua totalidade. E ainda mais, a publicidade directa ou o patrocínio de programas, que desviam grande parte das receitas de publicidade, iludem muitas vezes a aplicação desse imposto. Os ditos “sete milhões de euros” que eles dizem investir não lhes pertencem, nunca lhes pertenceram. São do Estado e são do cinema. Esta é a grande mentira que há anos impingem aos portugueses.
Segundo: As televisões privadas portugueses, apesar de ser previsto na lei, nunca foram sujeitas à legislação europeia que na maior parte dos países obriga, no caderno de encargos para a obtenção da utilização de frequência, a aplicação de uma taxa para investimento na produção do audiovisual e do cinema de cada país. (Por exemplo, 50% do volume de negócios do Canal Plus – nem é sequer sobre os lucros! – é obrigatoriamente investido nas séries e no cinema de França. Estes senhores só são europeus para as coisas que lhes convêm.)
Terceiro: Outro grande privilégio das duas televisões privadas concedido pelo Estado português é a possibilidade de arrecadarem entre si mais de 80% das receitas de publicidade. O que querem mais? Senhor Luís Marques, senhor José Fragoso tenham pudor!
Quarto: Ao contrário dos senhores, nós não queremos entrar nas questões do gosto. Nós, que defendemos a liberdade a todo o preço, nunca nos atreveríamos a pôr em causa o gosto dos vossos programas. Mas queremos dizer-vos que os grandes actores e técnicos a quem vocês por vezes dão trabalho, foram formados no teatro e no cinema português. (É tão triste vê-los tantas vezes abaixo do seu talento!)
Quinto: Para terminar por agora. Ao contrário do que os senhores afirmam, se há coisa de que Portugal se pode orgulhar é do seu cinema.
Primeiro: É falso que os tão falados 4% sobre as receitas da publicidade (que servem para o financiamento do ICA, da Cinemateca, do Arquivo Nacional de Imagens, dos festivais, da produção, da distribuição, da promoção dos filmes portugueses e de outros programas de apoio) tenham sido alguma vez retirados às receitas ou ao orçamento das televisões privadas. Esses 4% são pagos pelos anunciantes de publicidade, e retidos pelas televisões privadas, com a obrigação de os devolver. Não é mais do que um imposto, tal como o IVA. Entregam-no tarde e a más horas e muitas vezes não na sua totalidade. E ainda mais, a publicidade directa ou o patrocínio de programas, que desviam grande parte das receitas de publicidade, iludem muitas vezes a aplicação desse imposto. Os ditos “sete milhões de euros” que eles dizem investir não lhes pertencem, nunca lhes pertenceram. São do Estado e são do cinema. Esta é a grande mentira que há anos impingem aos portugueses.
Segundo: As televisões privadas portugueses, apesar de ser previsto na lei, nunca foram sujeitas à legislação europeia que na maior parte dos países obriga, no caderno de encargos para a obtenção da utilização de frequência, a aplicação de uma taxa para investimento na produção do audiovisual e do cinema de cada país. (Por exemplo, 50% do volume de negócios do Canal Plus – nem é sequer sobre os lucros! – é obrigatoriamente investido nas séries e no cinema de França. Estes senhores só são europeus para as coisas que lhes convêm.)
Terceiro: Outro grande privilégio das duas televisões privadas concedido pelo Estado português é a possibilidade de arrecadarem entre si mais de 80% das receitas de publicidade. O que querem mais? Senhor Luís Marques, senhor José Fragoso tenham pudor!
Quarto: Ao contrário dos senhores, nós não queremos entrar nas questões do gosto. Nós, que defendemos a liberdade a todo o preço, nunca nos atreveríamos a pôr em causa o gosto dos vossos programas. Mas queremos dizer-vos que os grandes actores e técnicos a quem vocês por vezes dão trabalho, foram formados no teatro e no cinema português. (É tão triste vê-los tantas vezes abaixo do seu talento!)
Quinto: Para terminar por agora. Ao contrário do que os senhores afirmam, se há coisa de que Portugal se pode orgulhar é do seu cinema.
Público - 16 de Junho de 2012