Manoel de Oliveira planeia continuar a filmar, mas considera essa possibilidade uma "incógnita" perante a falta de meios, referiu domingo o cineasta, no final da homenagem que lhe foi prestada pelo Museu de Serralves, no Porto
na Visão 10 de Novembro
As dificuldades para filmar são hoje maiores, em sua opinião: «O financiamento estatal dá para cerca de metade do custo total e o resto é preciso encontrar noutras partes». O que acontece «é que parece que eles (os políticos) ainda não se aperceberam bem desta questão», considerou.«Cada filme dá trabalho a uma equipa completa, músicos, actores, figurantes, dá trabalho à Tóbis, que, veja, continua a tirar cópias do meu primeiro filme, que foi feito em 1931 (Douro, Faina Fluvial) e de todos os outros», acrescentou. «Sinto que o Estado ainda não vê bem as coisas. A equipa, o realizador, os músicos e essa gente toda que ganha dinheiro paga impostos ao Estado e pagam quase 46 por cento», argumentou Manoel de Oliveira. O realizador diz que não sente maltratado pelo Estado, mas considera que as entidades oficiais «recebem mais dos impostos do que aquilo que dão para fazer os filmes».