Voltou a falar-se de Manoel de Oliveira e reapareceu a chusma dos que o acham "chato". Daí não viria mal ao mundo, se essa malta não pretendesse passar por "snob", vagamente convicta de que o seu aborrecimento é uma categoria normativa e que cinema e arte em geral (não custa a crer que também achem "chatos" a "Ilíada" e o "Ulisses", ou o "Parsifal") são anfetaminas que é suposto que a entretenham acordada e hiperproséxica.
Cinema, para eles, é "acção" e Ridley Scott (na melhor das hipóteses) o seu profeta; planos com mais de cinco segundos e diálogos com mais do que uma frase entediam-nos; um "western" ainda vá, desde que não seja "Johnny Guitar"; um musical talvez, se não for "Os chapéus-de-chuva de Cherburgo"; o "Nascimento de uma nação" sim, mas falado e a cores; já "Viagem a Tóquio" ou "A palavra" são "parados", versão envergonhada de "chatos" para filmes de que parece mal dizer que não se gosta. Ainda por cima, Oliveira filma com o dinheiro dos "seus" impostos e não com os da minoria insone que o aprecia. Nem quero imaginar o género de filmes que não "chateiam" tal espécie de cinéfilos.
Cinema, para eles, é "acção" e Ridley Scott (na melhor das hipóteses) o seu profeta; planos com mais de cinco segundos e diálogos com mais do que uma frase entediam-nos; um "western" ainda vá, desde que não seja "Johnny Guitar"; um musical talvez, se não for "Os chapéus-de-chuva de Cherburgo"; o "Nascimento de uma nação" sim, mas falado e a cores; já "Viagem a Tóquio" ou "A palavra" são "parados", versão envergonhada de "chatos" para filmes de que parece mal dizer que não se gosta. Ainda por cima, Oliveira filma com o dinheiro dos "seus" impostos e não com os da minoria insone que o aprecia. Nem quero imaginar o género de filmes que não "chateiam" tal espécie de cinéfilos.